De acordo com a E-bit, mais de 50 milhões de pessoas realizaram compras online no último ano, o que corresponde à metade dos internautas do país. Os números no e-commerce do Brasil são excelentes, porém, a área também possui um ponto fraco que ameaça seu crescimento saudável: o alto custo do fluxo de caixa.
A fonte deste problema é a popularidade do pagamento em “12 vezes sem juros”, um dos principais argumentos promocionais utilizados na venda online no Brasil. A prática já está disseminada no país: ainda de acordo com a E-bit, cerca de 70% das transações no comércio eletrônico nacional são feitas com o cartão de crédito e 60% das compras são parceladas.
Parcelar compras faz toda a diferença para o consumidor em itens de alto valor, como na aquisição de uma geladeira de última geração. Para os estabelecimentos, significa alavancar a quantidade de compradores ao integrar aqueles que não conseguiriam pagar à vista, sendo uma ampla fonte de faturamento adicional.
Porém, com a taxa Selic subindo aos maiores níveis em quatro anos, o “aluguel do dinheiro” está ficando mais caro no país e o fluxo de caixa das lojas virtuais mais difícil de financiar. Ao vender em doze parcelas, o empresário online precisa se desdobrar para honrar as faturas dos fornecedores enquanto os recebíveis chegam parcelados. Caso contrário, o caixa quebra e faz as lojas procurarem crédito caríssimo e que podem levar à falência.
Uma ferramenta disponível no mercado há pouco tempo e capaz de melhorar a gestão do fluxo é o pagamento por cartão de débito. Ele está se popularizando progressivamente porque a cobrança por este meio de pagamento significa um recebimento à vista para o estabelecimento.
Para acelerar o uso pelos consumidores de seus cartões de débito no consumo online, é preciso trazer a lógica dos estabelecimentos offline: fazer a mesma pergunta que pessoa no caixa faz – “bom dia, débito ou crédito?”. Dessa foram, o consumidor tem a escolha de concluir a compra como bem entender. Boa parte da população prefere gastar no débito para ter um melhor controle de suas despesas no dia a dia. Não é preciso impor o cartão de débito: apenas deixe a opção para o cliente.
Esse meio de pagamento já ganha força e adeptos em todos os setores por quatro motivos principais. Primeiro porque no cartão de débito o pagamento é à vista mesmo, enquanto que no crédito a venda à vista significa receber o dinheiro em trinta dias.
Depois, o e-commerce elimina o risco de fraude, uma vez que lança um processo de autenticação do portador pelo próprio banco emissor do cartão. Além disso, a conciliação é agilizada com eliminação das diferentes datas de vencimentos. Por fim, a comissão do cartão de débito é significativamente menor do que no crédito.
O consumidor seguirá sempre com o direito de escolher a melhor forma de pagamento para suas compras. Mas se os varejistas oferecerem descontos nas compras de débito da mesma forma que já fazem com os boletos, as vendas serão maiores e melhoraram seu fluxo de caixa. Em um contexto econômico de incertezas, aumentar seus recebíveis à vista pode ser mais do que uma questão de rentabilidade. Pode representar a sobrevivência.

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Jerome Pays é Diretor de E-commerce da Lyra Network, empresa multinacional de origem francesa especializada na transmissão segura de transações financeiras. Líder do segmento no Brasil, a Lyra é também detentora do Gateway de Pagamentos PayZen.

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