Cresce o número de brasileiros que compram de tudo em lojas virtuais chinesas

Por João VARELLA
Sempre que a analista de mídias sociais paranaense Daniela Drummond ia ao trabalho, se deparava com uma colega muito bem vestida. Cortês, Daniela elogiava a indumentária bem combinada. Como resposta, ouvia invariavelmente a mesma coisa: comprei tudo na China. Ela não aguentou. “Fiz um teste e comprei umas coisas baratinhas em junho do ano passado”, diz Daniela. “Deu certo.”
Desde então, a jovem gasta mensalmente cerca de R$ 50 em sites de comércio eletrônico sediados do outro lado do mundo, a milhares de quilômetros de sua Curitiba. Daniela não é a única. Cada vez mais os consumidores brasileiros estão se transformando em “sacoleiros” digitais.

A escalada dos pandas: Lojas virtuais chinesas ganham espaço no Brasil. - Dx.com - Site em português e frete grátis para o Brasil.
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No Facebook, há dezenas de comunidades povoadas de brasileiros que trocam dicas de ofertas e produtos. Não se trata exatamente de uma boa notícia para o e-commerce nacional, que movimentou R$ 28 bilhões em 2013, de acordo com dados da e-bit. Atualmente, quase três milhões de brasileiros fazem compras em sites no Exterior. Metade deles escolhe uma operação virtual da China, de acordo com pesquisa da empresa de pagamentos eletrônicos PayPal. É pouco, comparado com os 50 milhões de internautas que compram online no Brasil, mas tem crescido – sem trocadilhos – em ritmo chinês.
Os Correios dão uma pista dessa expansão. De 2011 para 2012, houve um crescimento de 47% no volume de encomendas vindas da China. No ano passado, o salto foi de 87% na comparação com o período anterior. A invasão dos sites de comércio eletrônico da terra dos pandas é capitaneada pelo site AliExpress, do grupo Alibaba, que já tem página em português do Brasil.
Descrito comumente como “a Amazon da China”, a companhia fundada pelo empresário Jack Ma, em 1999, é um pouco diferente da americana fundada por Jeff Bezos. O AliExpress é um shopping virtual usado por diversas empresas que se propõem a vender para consumidores toda sorte de produtos por preço de atacado, de tablets a clipes de papel.
O grupo Alibaba, criado por Jack Ma, em 1999, lidera a invasão do comércio eletrônico chinês no Brasil
O grupo Alibaba, criado por Jack Ma, em 1999, lidera a invasão do comércio eletrônico chinês no Brasil

Na verdade, os desbravadores do e-commerce chinês foram os jogadores de videogame. Por volta de 2006, já circulava o nome da DealExtreme (conhecida como DX) pelos fóruns de games. A diferença gritante de preço fez os gamemaníacos perderem a cabeça.
“A película de Nintendo DS custava só US$ 0,90 em 2006. Hoje custa US$ 1,30”, afirma o vendedor Marcelo Alves Faria, fã dos jogos da fabricante japonesa. Detalhe importante: o frete é grátis, mesmo para valores baixíssimos como esse. No Brasil, esse item não sai por menos de R$ 15. “No atual cenário, para uma empresa brasileira se manter competitiva, teria de mudar sua sede de país”, diz o economista Celso Grisi, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP.

Leia também: E-commerce chinês de olho no mercado brasileiro.

Além dos grandes sites, empresas chinesas passam a oferecer o chamado dropshipping ao Brasil. Em resumo: elas montam uma loja em português e cuidam do estoque e da entrega para os consumidores brasileiros. “Quem entender que deve colocar a China do seu lado vai ter um ano próspero”, afirma Lincoln Fracari, brasileiro que fundou, em Shenzen, a China Link Trading, empresa que oferece dropshipping ao Brasil. O plano de Fracari é lançar uma plataforma fácil de montar para que os lojistas brasileiros possam vender produtos chineses a partir de fevereiro deste ano – basta “ticar um produto para ele constar na loja”, nas palavras de Fracari.
“Convenhamos que pagar R$ 4 mil em um Playstation 4 é muita sacanagem”, diz ele, se referindo ao videogame da japonesa Sony, que custa menos de US$ 700 na China.
Mas não há só vantagens em comprar produtos diretamente da China. É preciso ter também muita paciência. As encomendas demoram até dois meses para serem entreguesAlém disso, o código de defesa do consumidor brasileiro não pode ser aplicado para compras realizadas em empresas fora do País. Se o produto que chegar estiver quebrado ou não for o comprado, a única alternativa é sentar e chorar.

Arte: ISTOÉ Dinheiro.
Arte: ISTOÉ Dinheiro.

Texto do João Varella publicado na ISTOÉ Dinheiro.
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O blog Profissional de E-commerce foi criado em outubro de 2012 com o objetivo informar e capacitar o mercado de comércio eletrônico no Brasil.

1 Comment

  1. Edwar Guillen Reply

    Eu costumo comprar nestes sites e digo sobre o sgte: O CARAMBA DE CODIGO BR, É MUITO MENOS BUROCRÁTICO VC CONSEGUIR REEMBOLSO OU ATÉ UMA OUTRA MERCADORIA DE REPOSIÇÃO CASO HOUVER ALGUM PROBLEMA DO QUE MUUUUITA LOJA POR AQUI !!
    ” o código de defesa do consumidor brasileiro não pode ser aplicado para compras realizadas em empresas fora do País. Se o produto que chegar estiver quebrado ou não for o comprado, a única alternativa é sentar e chorar.”

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