À medida que a sua operação digital cresce os gestores de e-commerce e marketing digital passam a ter necessidades diferentes de informação

O Brasil é o país do “puxadinho”. Um lugar onde todo mundo é arquiteto, consultor de investimento, mecânico e, por que não, técnico de futebol.

Nós usamos a estratégia do puxadinho diariamente em um “sem número” de situações cotidianas. Mas isto não acontece só em casa, não senhor.

Uma forma (não tão nova) de puxadinho que está começando a deixar muita gente de cabelo em pé é o puxadinho digital.

Quando algo precisava ser feito

Daniel Kahneman é um psicólogo que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002. Entre várias contribuições da sua obra, ele constatou que nossa racionalidade é bem mais limitada do que imaginamos.

Basta considerar que 80% das pessoas afirmam se acharem melhores do que a média. No mínimo, uma incoerência lógica.

Voltando ao ponto: culturalmente nós vivemos e fazemos coisas pensando num curto prazo. É daí (e da falta de recursos) que vem a cultura do “puxadinho”.

O puxadinho digital surge na medida que uma empresa começa a se aventurar pela digitalização dos seus negócios.

Precisa de um e-mail marketing? Cria uma conta agora.

Agora é um chat? Simples, só assinar este aqui.

SMS para o cliente? Agora: este serviço é fácil e não tem fidelidade.

Quando você vê, tem um emaranhado de apps, SaaS, IaaS, XaaS (X = qualquer coisa as a service) que te deixa com mais dúvidas do que certezas.

As tecnologias deveriam servir a um único propósito: habilitar novas competências para aumentar a escala e a produtividade do negócio.

O ponto de inflexão

No meu dia-a-dia converso com gestores de negócios em empresas de vários portes e segmentos. Se um dia e-commerce foi tendência, hoje é mais que uma realidade.

E na medida que as empresas estão superando aquela fase de incredulidade e realmente escalando em vendas, clientes e negócios, o puxadinho digital que lá atrás ajudou a crescer agora começa a atrapalhar.

Veja um exemplo:

• Você cria uma campanha em rede social;
• O cidadão clica e visita seu e-commerce (virou um lead!);
• Ele se cadastra no seu mailing (agora vai!);
• Entra em um produto e coloca no carrinho (isso, falta pouco!);
• Abandona o carrinho (como fazem mais de 30% dos compradores);
• Você toca o cliente com uma oferta de recuperação (aquele desconto camarada);
• Ele volta e não converte de novo (básico);
• Entra na régua de novo com a mesma oferta de recuperação (quem sabe na segunda vai);
• O lead resolve virar cliente e comprar (graças a Deus!);
• Os sistemas de display perseguem o lead até o último dos seus dias ofertando os produtos que ele comprou.

Como gestor do negócio eu gostaria de saber três coisas apenas:

1- Quanto este cliente comprou?
2- Quanto esta venda me custou?
3- Quanto esta campanha me retornou?

Tenho certeza que mesmo um gerente de e-commerce júnior vai conseguir responder a pergunta 1 com relativa facilidade.

Mas dá tanto trabalho reunir as informações necessárias para responder as perguntas 2 e 3 que a maioria dos gestores (em off apenas) acaba não tendo condições “de fato” para respondê-las.

Quando você cresce o desafio muda

O ponto central aqui é que à medida que a sua operação de venda digital cresce o gestor de e-commerce e o gestor do negócio passam a ter necessidades diferentes de informação.

Quando você é pequeno, pode se dar ao luxo de cometer muitos erros. Eles fazem parte do aprendizado do empreendedor e na média são erros pequenos, dos quais você consegue se recuperar.

À medida que o negócio ganha corpo e você flerta com a saída do Simples Nacional, as coisas passam a ter uma dimensão diferente. Ter informações de ponta-a-ponta não só é desejável: é mandatório.

Na real, o puxadinho digital dá a impressão de ser barato porque você paga várias contas pequenas. Mas quando você soma estas contas ao overhead (gente adicional) para unificar e analisar os dados mais o custo de oportunidade das decisões tomadas com base em informações erradas, você constata que, na média, o puxadinho digital é o que parece barato mas sai muito, muito caro.

É melhor não ter mapa algum do que ter um mapa errado.

A resolução de ano novo: integrar, dar inteligência, inovar

Se você chegou até aqui deve estar se perguntando: como eu faço para acabar com meu puxadinho digital?

A minha resposta de consultor é que não há resposta única.

(pausa dramática)

Mas se você quer uma ideia de como começar, me permita sugerir o seguinte:

1. Trace um mapa claro de todos os recursos tecnológicos que sustentam o seu e-commerce (plataforma, automação de marketing, CRM, sistema de atendimento, etc…);

2. Entenda a jornada do seu cliente e entenda quais são os pontos de contato mais importantes e que podem gerar mais impacto no seu resultado (vendas, margem, recompra, NPS, etc…);

3. Com base nesta priorização, estabeleça 1 ou 2 objetivos de melhoria (por exemplo, orquestrar as campanhas em torno do cliente, independente do canal);

4. Avalie fornecedores de tecnologia, que podem te ajudar a analisar e sugerir a adoção de softwares que substituam e simplifiquem o seu mapa de tecnologia.

Tão importante quanto isto é pensar em ciclos contínuos de melhoria. Hoje é perfeitamente possível executar 3 ou 4 projetos ao longo de um ano que permitem fazer um extreme makeover no seu puxadinho digital.

Isto deixa seu negócio mais preparado para alçar voos mais altos, com mais eficiência.

Isto é um processo, ou seja, a cada objetivo cumprido, você deve partir para o próximo. Porque as necessidades do seu negócio e do seu cliente mudam. Sempre há alguma coisa para melhorar.

Espero que você tenha gostado e, se tiver uma crítica, dúvida ou sugestão, comente aqui ou então me mande uma mensagem. Até a próxima!

Author

Paulo Felix é Gerente de Território na Oracle Brasil e é responsável por aplicativos de Customer Experience (Commerce, Marketing, Vendas e Atendimento ao Cliente).

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