A Black Friday traz muitas oportunidades de uma economia real. Mas como diferenciar o que é economia e o que é compra por impulso?

Desde moleque eu sempre gostei de coleções. Tudo que estava ao alcance eu queria colecionar, já tive coleção de chaveiros, cartões telefônicos (de orelhão, sabe? Entreguei a idade…), actions figures (eu chamava de bonequinho mesmo) e tudo mais que eu pudesse. Sinais do nerd que me tornaria.

Os anos se passaram e aquela ilusão de que na vida adulta algumas coisas passam não aconteceu pra mim. Continuo gostando das mesmas coisas, desenhos, heróis e as “financeiramente irresponsáveis” coleções. Atualmente coleciono os muito adultos Funko pops, mas não vem ao caso. A Black Friday está chegando e as oportunidades de ter muitos itens + 1 é sempre um perigo real para adicionar à inevitável coleção de todos: A coleção de boletos.

Exageros de um show de TV a parte, recentemente foi ao ar no programa de educação financeira em TV aberta, o Me Poupe! da Nathalia Arcuri, um episódio sobre um colecionador de produtos geeks. O caso é tratado com bom humor, 1 vez por semana ele compra um boneco, mas não é viciado. A Band disponibiliza os episódios na íntegra:

A Black Friday no Brasil

A Black Friday brasileira teve dificuldades de se tornar real. Ficou marcada de “Black Fraude” pelo trabalho duvidoso de alguns lojistas lá em 2012. Assim como acontece no mercado de criptomoedas, o mau serviço de profissionais com interesses duvidosos atrapalha o desenvolvimento do mercado e, principalmente, quem faz um bom trabalho. Fica muito complexo para o consumidor/investidor/cliente diferenciar idôneos de golpistas.

Acredito que falta também um pouco os consumidores entenderem o propósito da data. Uma loja estar na Black Friday não significa que ela deve ofertar todo seu estoque com descontos agressivos. Não adianta esperar encontrar o último lançamento da Apple ou da Samsung com 70% de desconto, não vai acontecer. E isso não significa que a loja é uma fraude. O evento sempre vai acontecer nos conhecidos “produtos selecionados”.

Os anos passaram e, mesmo ainda sofrendo com alguns “ruídos”, a data se tornou a mais importante para o mercado de e-commerce no Brasil. Segundo os dados da Ebit | Nielsen, 88% dos consumidores pretendem comprar na Black Friday de 2019. O e-commerce brasileiro deve faturar pouco mais R$ 3 bilhões no período e espera-se um crescimento de 18% na comparação com 2018. Para situar um pouco mais, estamos falando de 58,5 milhões de consumidores ativos neste mercado em 2018.

2019 promete ser a maior de todos os tempos aqui no país.

Aproveitar oportunidades de economizar vs comprar por impulso com o discurso de economia

Datas assim fazem seu autocontrole, inteligência emocional e financeira se provarem. A Black Friday traz muitas oportunidades de uma economia real. Conheço muitas pessoas, por exemplo, que esperam meses pela data para trocar de celular. São oportunidades reais de economizar em algo que você realmente precisa. Eletrônicos em geral, que contam com um ticket médio maior trazem ótimas oportunidades.

Em qualquer categoria de produtos as promoções ocorrerão. As lojas geeks, por exemplo, estão esfregando as mãos. Sendo assim, se você é uma pessoa que planeja sua contas e realmente aplica o “gastar menos do que ganha”, a data traz o melhor momento para otimizar ainda mais suas contas.

Desde janeiro de 2018, fiz uma transição de carreira entre o e-commerce e o mercado de fintechs. Depois de dois anos trabalhando com conteúdo nesta área e falando muito em educação financeira, tentei unir alguns aprendizados. Penso que alguns pontos são importantes para garantir que você não está fazendo nada por impulso ou até mesmo caindo em uma promoção irreal.

    1. Planeje: anote todos os produtos que você realmente precisa comprar e, com uma oferta boa, podem significar uma economia real. E no dia da Black Friday, monitore o preço apenas destes produtos;
    2. Pesquise e monitore: pegue agora esta mesma lista de produtos, e pesquise os preços atuais dele. Alguns sites, como o Buscapé, oferecem ferramentas de consulta de histórico de preços. Isso ajuda, e muito, a entender quando realmente vale a promoção encontrada.
    3. Tenha um plano B: desta sua lista de desejos, pense em produtos semelhantes. É bem possível que você não encontre o modelo exato da sua lista. Ele pode não entrar em promoção ou até mesmo esgotar rapidamente. Pense em opções para este caso, o plano B muitas vezes pode trazer oportunidades muito melhores.
    4. Antecipe as compras do Natal: sim, você vai dar presentes. Pode não ser para a família toda, mas dará alguns. É a melhor chance para economizar em uma data já não tão distante do Natal. Você evita a correria de última hora e garante que está pagando menos.
    5. Estabeleça um limite: talvez a dica mais importante, tenha anotado e planejado o valor exato de quanto do seu orçamento você tem disponível para gastar. De nada vai adiantar você pagar menos por um produto e fazer novas dívidas.
    6. Cuidado com as exceções: é exatamente aqui que você cai na compra por impulso. Quem nunca comprou aquele produto que estava com muito desconto e nunca mais utilizou? Eu tenho um mini game Master System em casa que acho que joguei umas 3 vezes, mas comprei com quase 70% de desconto. Eu economizei ou gastei em algo que não deveria, afinal?

No final do dia, o ponto mais importante é saber que você de fato utilizou uma data como esta para melhorar suas contas e não o contrário. O certo e errado é sempre relativo, mas fazer novas dívidas ou comprar coisas que não vai usar, não.

Educação financeira está diretamente ligada à planejamento e disciplina. Estabeleça sempre suas metas, e brigue por elas. A recompensa por ser muito maior que uma simples satisfação momentânea.

Texto publicado anteriormente no Investificar.

Author

Branding, Content Marketing e Comunicação. Sou Sócio-fundador do Profissional de E-commerce. Desde nov/2020 lidero o time de Marketing e Comunicação do Golden Square Shopping, da Ancar Ivanhoe. De jun/2019 a set/2020 atuei como Gerente de Marketing e Comunicação na Nox Bitcoin. Destaque para o projeto de conteúdo Investificar. De jan/2018 a jan/2019, liderei os times de Branding (Content Marketing, PR, Social Media e Branding), Product Marketing, área de cursos da Foxbit, fintech de criptomoedas e o projeto e primeiro ano de atuação do Cointimes. Entre ago/2016 e set/2017 atuei como head da área de Marketing da Ebit, empresa Buscapé Company, hoje Nielsen (onde participei do projeto do Webshoppers 39, em mar/2019), referência em informações, certificação de lojas e inteligência de e-commerce. Entre 2012 e 2016, participei ativamente da estruturação da startup Universidade Buscapé Company, entrei na coordenação de treinamentos de E-commerce e Marketing Digital. Lá assumi também a coordenação de Marketing Digital e Conteúdo da Uni Buscapé e do Profissional de E-commerce. Desde 2013, ministro aulas de Marketing de Conteúdo para E-commerce na Faculdade Impacta e em algumas empresas de internet no formato workshop. Você pode encontrar mais informações em meu perfil do LinkedIn ou marcando um café! ;)

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