As empresas de distribuição exercem um papel fundamental para o varejo. Não apenas por garantirem que os produtos cheguem ao destino e por gerenciarem uma questão tão importante como a logística, mas também por facilitarem a movimentação financeira entre os elos desta cadeia.

Do transporte de valores à compra e venda de produtos, a quantidade de dinheiro que circula com os distribuidores é gigantesca. Apesar disso, a maior parcela destes recebíveis fica com os bancos e adquirentes, que pouco entendem da operação envolvida – apesar de morderem uma grande quantia do dinheiro.

O surgimento de novas tecnologias permitiu que essas companhias pudessem entrar neste mercado e encontrassem novas fontes de receita.

A descentralização dos meios de pagamentos foi o catalisador para este movimento. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) estima que 60% dos pagamentos realizados no país sejam realizados por meios eletrônicos até 2022 – em 2017 o percentual era de 32,6%.

Já dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) mostram que nos nove primeiros meses de 2018, o valor transacionado em cartões foi de R$ 1,1 bilhão – a estimativa é de R$ 1,5 bilhão no ano passado e de R$ 2 bilhões em 2019.

A capilaridade, aliada à possibilidade de ganhos expressivos, empurrou as empresas de distribuição ao setor. Incluir o produto financeiro no portfólio se mostrou uma nova fonte de linha de receita muito rentável e também uma forma de impulsionar novas vendas com maiores descontos.

Ao inserir os meios de pagamentos em seus serviços, as informações geradas trazem uma nova realidade a toda a cadeia. Isso é benéfico também para os lojistas que podem contar com produtos desenvolvidos para a sua necessidade, empréstimos, descontos e incentivos – além, é claro, de taxas melhores por contar com um player que tem maior abrangência de negociação.

Dessa forma, o impacto é gigantesco por permitir que essas companhias acessem um mercado que antes estava restrito às soluções de adquirência – e que, agora, pode trazer uma camada de informação baseada em seus ramos de atuação.

Há empresas que atendem públicos extremamente regionalizados, com características econômicas específicas e que, normalmente, veem suas necessidades serem marginalizadas pelo Sistema Financeiro Nacional. Eles podem trazer visibilidade para estes casos.

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Além disso, a maior participação dessas organizações no setor de pagamentos amplia a acessibilidade do consumidor final, cria novos serviços financeiros para incentivar o crescimento e traz maior inteligência e compreensão a toda a cadeia de distribuição.

Entre os produtos já disponibilizados estão, entre outros, as maquininhas de cartões com taxas mais vantajosas, programas de fidelidade personalizados, wallets para nichos de mercado, a oferta de crédito baseado no saldo já existente e o menor risco nas transações da cadeia.

Apesar da entrada recente das empresas de distribuição, ainda há desafios que devem ser superados. O principal deles é justamente a cultura desenvolvida na rede. Muitas vezes pode existir dificuldade em explicar os benefícios que esse novo cenário pode oferecer.

Em regiões mais afastadas ainda existe o hábito do dinheiro e pouca aceitação do cartão – o que exige uma “evangelização” mais forte. Em todo o caso, é um caminho sem volta: no mercado trilionário dos meios de pagamentos, as empresas de distribuição são players atuantes e poderosos que fornecem a inteligência e inovação necessária para o desenvolvimento do setor.

Author

Victor Dubugras é Head de Marketing da Hash, fintech especializada em infraestrutura de pagamentos.

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